Fundação, Isaac Asimov


Aos quinze anos eu conheci Isaac Asimov nas bancas com a tradução de Isaac Asimov Science Fiction Magazine feita pela Editora Record (25 números) e ao mesmo tempo comprei as coletâneas dos Robôs da editora Círculo do Livro. Eu estava febril com as possibilidades da ficção científica e adorava tudo que o bom doutor escrevia.

Li o básico, mas esqueci completamente do avançado. Deixei para o lado a obra máxima de Asimov, segundo vários entendidos, que é a trilogia Fundação, composta por pelos livros Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação – nos anos 1.970/1.980 o bom doutor publicou prequelas e sequências da obra, além de permitir que outros autores escrevessem contos ambientados neste universo, destacando o autor Orson Scott Card (Ender's Game, Ultimate Iron Man).

Iniciada em 1942 e concluída em 1953, esta obra é um exemplo do que se convencionou chamar Space Opera – uma novela que se ambienta no espaço. Todos os elementos estão presentes em Fundação: cenários grandiosos, ação envolvente, diversos personagens atuando num amplo espectro do tempo. Seu desenvolvimento é derivado das histórias pulps de faroeste e aventuras marítimas (notadamente de piratas)”.¹

Inspirada em A história do declínio e queda do Império Romano do historiador inglês Edward Gibbon a história navega pelas eras ao futuro quando um psico-historiador chamado Hari Seldon prevê que o Império irá cair. Tencionando reduzir o tempo de barbarismo após a queda, Seldon cria um programa que permitirá fazer com que 30 mil anos de barbárie sejam apenas mil! Para tanto ele e milhares de cientista se afastam do coração do Império e vão para o distante planeta Terminus onde criam a Fundação – realizando o mesmo feito no outro extremo do universo, com uma segunda Fundação.

Poderia um psico-historiador conseguir prever as milhares de equações e todas as tramas políticas, religiosas e sociais ao longo de centenas de anos? Poderia ele aconselhar os dirigentes futuros das organizações sem um curso, sem indicar um caminho, apenas deixando a lógica dos eventos tomar posse dos acontecimentos.

Estaria Seldon certo ou poderia ser falhado e desconsiderado alguma variável em suas equações?

A apresentação da história para o leitor é feita em três livros que obedecem à uma revisão dos anos 1.980, onde Asimov altera datas de modo a criar uma linha cronológica para seu universo (ao qual chamaremos de Asimoverso a partir de agora), unificando todas as obras, especialmente Os Robôs, que a partir de então fazem parte da mesma cronologia de Fundação. Como Robôs Fundação é composta não por romances – aqui no contexto de narrativa longa – mas sim por contos, noveletas e novelas que permitem aproveitar qualquer tempinho para a leitura... e se deliciar.

Altamente indicado para fãs de sci-fi, mas ainda mais indicados para pessoas fascinadas pela história, pela religião, pela política e pela maneira como isto tudo se funde e altera nossas vidas.

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¹: Nota à edição brasileira, Fundação, Editora Aleph, 2ª reimpressão, 2010.