O inescrito vol 1 Tommy Taylor e a Identidade Falsa

A cada nova série eu fico me perguntando o quê a justifica. Diferente dos filmes, que são entretenimento rápido e, em geral, fugaz, séries de TV e de quadrinhos são planejadas para durar anos a fio e tem de imediato conquistar o espectador ou leitor.

Claro que muitas séries passam por mutações importantes. Sandman de Neil Gaiman teria outro tom se tivesse continuado com a arte de Sam Kieth, assim como a estação Babylon 5 teria um nível de ação levemente diferente caso continuasse com o seu primeiro capitão.

O inescrito vol 1 Tommy Taylor e a Identidade Falsa é assim: necessita de algo que se sobressaia para ser relevante para os leitores. A trama trata de Tommy Taylor, filho de um autor de livros infantis desaparecido. Este autor criou uma série de fantasia semelhante em narrativa à série de livros de Harry Porter, mas uma fã criou uma dúvida genuína sobre o fato de que o filho do autor é, na verdade, o personagem.

Bom. Seria uma trama interessante para uma série reduzida (6 ou 8 partes) e eu leria sem me importar. Mas os autores, Mike Carey & Peter Gross inventam uma conspiração, algo que cansativamente tem sido a base de muitas séries. Esta conspiração é introduzida na quinta edição da série que funciona como uma edição fechada. Ali se cria uma organização que aparentemente tem conotações fantásticas, acesso a outros mundos, tem entre seus agentes seres místicos comuns à literatura e que censura os autores há séculos. Qual a agenda da organização? Onde alcançou com seus feitos? Quem influenciou? Quais autores censurados? Quais livros censurados? Qual a relação com Wilson Taylor e sua série de livros? Qual a relação com Tommy Taylor?

Pergunto-me se o leitor se importará com estas questões a ponto de acompanhar a série ou se, aquelas que a acompanharem são apenas fãs dos autores e saudosistas de Harry Porter ou Os livros da magia e derivados.

No meio do caminho enquanto não se estabelece uma trama digna além da suspeita, a série evoca o dia a dia de palestras e workshops de autores, as convenções, as aberrações frequentes de fãs e principalmente o fantástico, pois fica evidente deste o primeiro momento que o Tommy Taylor real é realmente o personagem do livro.

(Bocejo).

Evidentemente chama a atenção a introdução de Bill Willingham (Fábulas) que leva a crer que sob a mesma editoria seria impossível não estabelecer uma relação entre as séries, ainda que não seja algo comum no selo Vertigo.

Dito (escrito) e feito: recentemente O inescrito vol 1 teve cross-over com Fábulas, foi encerrada e reiniciada como volume 2, jogada padrão para atrair fãs para séries que apesar de boas vendas há temor de, a longo prazo, não conseguirem se manter.


Panini Comics, 2012, R$ 18,90.


Volume
Nome Arco/Encadernado
Edições
1 Tommy Taylor e a Identidade Falsa #01-05
2 O informante #06-12

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