Novas mídias, novos formatos, novos problemas

No final de semana de Páscoa troquei rápidos twitters com Kurt Busiek – mas sendo Twitter, há de ser rápido. Ele me respondeu que a nova série Astro City estará disponível digitalmente em junho. Minto. Ele disse que a Astro City estará disponível digitalmente em junho. Certamente quis ser abrangente.

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Gostei. Tenho acompanhado Earth 2 de James Robinson digitalmente desde março. Sim, no mundo digital tudo é rápido. Mas é assim. Comprei a edição de março e fevereiro e já me acho um colecionador digital.

Quando percebi que a loja que escolhi dá descontos para edições atrasadas, armei um plano simples de comprar a edição do mês e uma atrasada até ter a coleção completa.

Não irá custar-me nem R$ 6,00 por mês até ter completado a série. Depois só R$ 4,00.

Não vai me pesar no bolso.

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Há algum tempo comprei o arco Justice Society Returns! numa amigável negociação. Acho que me custou R$ 30,00 as seis edições.

Foi então que descobri que as edições digitais irão impedir que eu compre edições antigas daqui há alguns meses. Por sinal, apesar de eu ter pago preço de capa, não posso vender para você as edições de Earth 2 que são minhas. Afinal paguei por elas.

Refletindo sobre isso, acho que lentamente as edições digitais vão acabar com o próprio mercado de quadrinhos como conhecemos.

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Observei que na loja virtual que frequento as maiores editoras estão oferecendo continuamente uma grande parte de seu acervo de forma digital.

A política para edições antigas não é diferenciada. Revistas de 50 anos, 30 anos, 20 anos, 10 anos são oferecidas a um preço médio de US$ 1,90. Uma editora como a DC, que publica quadrinhos desde os anos 30 – Superman faz 75 anos agora! - tem milhares de quadrinhos! Milhões de histórias!

Então penso que a única preocupação é dinheiro no caixa.

As editoras poderiam vender o acesso a coleções completas em formato digital a preços competitivos. Que tal US$ 100,00 por todo as edições de Adventure Comics? US$ 125,00 por toda a fase pós 1987 do Superman? Pouco? Que tal US$ 250,00, ou US$ 300,00.

Mas sinceramente US$ 1,90 por edição... é ridículo! Desproporcional ao custo.

A editora só está gastando na formatação para a nova mídia. Digitalização, cores, efeitos especiais. Mas a velocidade em que são apresentados faz supor que não é um processo demorado. Se não é demorado não é caro. Não sendo caro, qual o motivo do preço tão alto por edições de arquivo, que já se pagaram e deram lucro diversas vezes?

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Lembre-se leitor que caso queira vender suas edições de Heróis da TV, o Gibi, Amazing Fantasy ou Action Comics basta anunciar e depois contar as cédulas. Porém investir em edições digitais só trará um resultado: a satisfação da leitura.

Você não poderá revendê-las depois.

Não há nenhuma espécie de valorização no mercado de back issues digitais, que por sinal ainda não existe. Claro que pela velocidade da internet, amanhã alguém pode surgir com a ideia "revolucionária" de venda de usuário para usuário de tablets, mas certamente haverá de existir um intermediário ou dois. Primeiro a loja onde sua compra fica "eternamente" registrada, que deverá transferir a licença de uso para outra pessoa e poderá pedir uma comissão por isso. Depois uma empresa de comércio digital, talvez o PayPal, que iria tratar dos trâmites do pagamento.

Tudo muito burocrático e fiscal que irá matar a simplicidade da própria compra digital. Bastar ter um cartão de crédito internacional ativo, o crédito e clicar na edição oferecida. E pronto!

Você será ecologicamente correto. Irá impedir que se destruam centenas de milhares de árvores, mas não terá o direito final sobre o comprado. Dado à limitação física do tablet, seja ela de 16 GB, 32 Gb, 64 GB, 128 Gb... sempre existirá um limite... é de se supor que parte de sua coleção vai existir apenas como registro de compra. A loja terá um registro de alguém comprou X edições de Y séries. Lá terá também o registro de quais edições.

Se apagar em seu tablet basta acessar novamente a loja e fazer novamente o download. Mas pense. E se a loja estiver off. Ou você estiver em uma área sem sinal de celular ou de internet?

Ou ainda, se por acidente a loja resolver apagar uma série do catálogo. Veja! Isso já aconteceu com um livro! Ou por último: se a loja decidir que a revista, depois de uma fama não interessante não será mais fornecida.

O formato digital é muito propenso à censura. Agora vejo que ele é muito propenso à falhas no processo de comercialização.

Vejo-o a cada dia com mais reservas... mas por enquanto irei acompanhar Astro City e Earth 2. Por enquanto.
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