Birras!

Uma das minhas atuais birras com a DC Comics é a série Superman/Batman, que não se sustenta.
Dizer que a série é tão importante que gerou uma animação é chover no molhado, já que a série sempre teve vendas expressivas e um bom elenco de autores. Seus arcos funcionam bem quando são considerados como publicados na “série única” de cada personagem, em contraponto não funcionam tão bem quando se considera que é apenas mais uma série que une dois personagens que fazem parte de núcleos editoriais fortes e distintos. Durante a vigência de Jeph Loeb e Ed McGuinness muito do universo do Superman foi respeitado. Teve espaço inclusive para duas Supergirls (Kara Zor-El e Cir-El), Aço e Superboy. De certo modo também concluiu uma trama longa onde o repórter Clark Kent juntava provas contra o Presidente Luthor – o tal arco que virou filme.
A condução desta trama é que não foi tão feliz!
Talia Head vendeu a LexCorp para as Empresas Wayne, mas a compra parece ter se revertido, já que Lana Lang está no controle da LexCorp. Luthor estava certo sobre o cometa de kryptonita que trouxe a Supergirl e que realmente foi atraído para cá por causa da existência do herói no planeta. O vilão também sofreu demência em função do contato com as rochas e com o composto de veneno. Se Batman pode perdoar Bane o quê dizer do Superman em relação à Luthor?
Provando os crimes de Luthor em Superman/Batman, Kent, o repórter, amargou o ostracismo em The Adventures of Superman, quando esteve alocado no Buraco, uma posição menos nobre no Planeta Diário, e na série 52 teve novamente que conquistar o respeito de seu editor pulando de uma janela para conseguir uma matéria, para apenas perdê-los novamente após o retorno de seus poderes em “Um ano depois”. Ou seja, a glória do resultado de uma reportagem bem feita não atingiu o repórter – o quê nos remete à “Kill Bill, Volume 2” onde Bill explana sua teoria em que Clark Kent é apenas o jeito em que Kal-El vê a humanidade: fraco, tolo, atrapalhado, incapaz de tomar decisões.
Excluindo a fase Loeb, que conseguiu terminar com um péssimo arco envolvendo Darkseid, Mxpltlk e Coringa – Vingança Máxima – temos mais tolices envolvendo Despero, Darkseid, Brainiac, o governo americano e kryptonita – por sinal a rocha e o novo deus do mal devem ganhar as medalhas de vilões residentes.
Sem ter muito a fazer até os anuais não acrescentam muito. “Superman/Batman Secret Files & Origins” desenhado por Ivan Reis só fez prelúdio ao arco “Inimigos Públicos”, enquanto “Superman/Batman Annual” nºs 1 e 2 só recontam histórias da Era de Prata com roupagem atual. Bonito como expressão, mas cansativo como motivação.
Não há como cancelar uma série que vende, mas já não é o mesmo de outrora. Em junho de 2008, a edição nº 49 vendeu nos EUA 52.579 exemplares, e nos meses seguintes tivemos a nº 50 (número clássico para edição comemorativa e início de arcos) com 61.321 exemplares, a 51 com 51.701, a 52 com cravados 50 mil exemplares e a nº 53 em outubro-2008 com 48.187. Nota-se então uma constante queda e que a alta da edição 50 é devido ao fato de ser edição comemorativa. Nem mesmo as séries especiais como “Superman/Batman vs. Vampiros & Lobisomens” recém publicada por aqui, vende bem. A edição nº 1 teve 27.825 pedidos e a 4 (de 6) já tinha 19.423, perdendo ¼ dos leitores de um mês para outro (a série foi quinzenal).

É de se estranhar que a série seja tão ruim já que tanto as séries do Superman, escritas por Geoff Johns, Kurt Busiek, Fabian Nicieza e James Robinson, e do Batman, escritas por Grant Morrison e Paul Dini, vivem uma maré de relativa tranqüilidade e excelência. Sequer usam a série para o uso mais adequado: numa saga hipotética envolvendo todas as séries de Batman e Superman, poderia ser o ponto de transição dos personagens.
Numa última análise lembra “World’s Finest Comic”, a série anterior da dupla: uma proposta tola, que é unir heróis que agem de forma diametralmente oposta, e um resultado que rende apenas um punhado de histórias dignas de lembrança.